segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A MÁSCARA DA MORTE RUBRA – EDGAR ALLAN POE

Enquanto a Morte Rubra dizima o povo, o Príncipe encastela-se em uma de suas propriedades, inviolável construção, onde a peste jamais poderia adentrar. Blindando sua fortaleza das emanações da terrível epidemia, promove festas, bailes e todo o tipo de diversão. E lá permaneceria enquanto o mundo não anunciasse o fim do perigo. Num desses bailes, no entanto, uma presença chama a atenção de todos aqueles que se julgam invulneráveis.


A Máscara da Morte Rubra”, de Edgar Allan Poe, é um conto curto, porém brilhante, que relata as consequências de uma terrível praga e como a monarquia reagiu a isso. A horrível Morte Rubra, uma doença extremamente letal, devastara um país e fizera com que o príncipe desse lugar buscasse refúgio em uma de suas propriedades, uma abadia considerada impenetrável. Um local que refletia com exatidão os peculiares gostos do príncipe próspero. Uma construção com altas muralhas e 7 salões de cores distintas.
Após 6 meses de isolamento do mundo exterior, o príncipe e sua corte, cerca de 1000 convidados, realizaram um baile de máscaras. As fantasias eram bizarras, o que combinava com os gostos excêntricos do homem.
O mundo apodrecia do lado de fora, enquanto os foliões festejam ensandecidamente. No entanto, a cada badalar de um relógio negro, que repousava em um dos salões, estava claro que algo de ruim estava por vir. Durante toda a narrativa, Allan Poe utilizou muitas referências sensoriais (cores e sons) para relatar os acontecimentos sobrenaturais da trama.
Esse conto inspirou Robert W. Chambers, autor do livro “O Rei de Amarelo”, que, por sua vez, influenciou H.P. Lovecraft. Em 1964, foi produzido o filme “The Masque Of The Red Death” que é inspirado nessa obra. O lendário Vincent Price interpretou o príncipe.

A Morte Rubra na Nossa Realidade


O conto é uma obra de ficção, porém é possível correlacionar com alguns acontecimentos atuais do nosso mundo. Talvez o mais evidente seja a pandemia causada pelo vírus Ébola em 2014. Durante a doença, as vítimas apresentam sintomas na epiderme e são isoladas, muitas vezes aguardam apenas a vinda da morte. Além desses problemas, pessoas saudáveis, porém do mesmo país (ou do mesmo continente) sofrem com xenofobia, racismo e hipocrisia por parte do resto do mundo.
Esse vírus, assim como o vírus de Marburg, é conhecido há algumas década, mas nunca ‘ameaçou’ o resto do planeta. Um flagelo que assola um continente, no qual muitas pessoas não têm recursos financeiros ou acesso às mínimas condições sanitárias. Pode parecer uma afirmação sem sentido, mas são essas condições mínimas que evitam a propagação de muitas doenças e, consequentemente, as pandemias.
Um agente infeccioso extremamente letal e que apenas recentemente teve seu genoma sequenciado. A mídia mundial, a comunidade científica e o resto do mundo encararam com temor a terrível doença, pois, naquele momento, sentiram que a Morte Rubra do nosso mundo ameaçava atravessar as muralhas da fortaleza do príncipe próspero e contaminar toda sua corte.

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